sexta-feira, outubro 13, 2006

Beber ou não beber…


Saberes e sabores

por: Iulia Shestoperova *

No tempo de Perestoika, as bebidas mais populares da Rússia eram a água de colónia “Troynoy” e loção “Ogurechniy”. Agora, a lei seca já se foi, mas apreciadores do sabor exótico ficaram. Quer nas regiões pobres, quer na abastada capital. “Solução para limpar os tapetes” e “Solução para amolecer as unhas” todos os anos levem os cidadãos russos aos hospitais, ou simplesmente ao caixão.
Existem várias explicações ao sucedido. Mas esquece-se, que muitas das vezes, na embalagem do líquido anti – congelação (usado nos radiadores no inverno), escreve-se com letrinhas bem pequeninas: “produto do uso duplo”. E se é assim, porque não toma-lo? Ainda que é uma questão do dinheiro. No preço de uma garrafa de vodka barata – mais de metade são impostos. Enquanto o álcool técnico não paga imposto. Pagou 20 rublos (0,8 USD) pela embalagem de 300 ml – tens duas garrafas de vodka de 40 graus!
No topo de “mais – mais” de álcool russo agora está a solução de protecção e limpeza dos vidros “Maksimka”. A fábrica em Nizhni – Novgorod produz os recipientes de 5 litros, com a porcentagem de álcool de 98%, vendendo-os em grandes quantidades. “Maksimka” têm o amigo - “Kiriusha”, um liquido de protecção produzido na Osétia e que contém 95,5% de álcool puro. Imediatamente depois, nós relatórios da polícia aparece a solução tónica para as banheiras, “Troyar”. Num único mês, esta causou a morte de 14 pessoas numa só província. Também existe o produto “Bio ging seng” que contém 93% de álcool puro. Mas para livrar as fechaduras, vidros dos carros e até as almas das pessoas do gelo, estão prontos diluente “Bitovoy” – 93% de a/p e liquido anti congelação “Anti led” – 90% de a/p...
Parece que a situação actual é cómoda para todos. O consumidor está bem servido por causa do preço. Produtor – por causa dos bons lucros. Especialistas dizem que resolver a situação será muitíssimo fácil. Já estão prontas as emendas do Lei de regulação estatal do mercado de álcool, que obrigarão os produtores desnaturar o álcool, impossibilitando o seu consumo através de complementos ultra fedidos e ultra amargos. Mas o apreciação destas emendas, não se sabe porque, já se arrasta o terceiro ano consecutivo.

* “Moskovskiy Komsomolec”, edição 29 de Junho – 6 de Julho, 2005.

Blogeiro: E como sobremesa, quero vós contar duas histórias mais ou menos relacionadas com o nosso tema de hoje, isto é “saberes e sabores” cultivados por vários povos na nossa aldeia recentemente global.

O tio de um amigo meu, contou que no exército, as pessoas apreciadores dos ditos sabores exóticos, faziam uma espécie de distilação do produto. (A operação só funcionava durante o inverno rigoroso). Arranjava-se uma “pé de cabra” e a água de colónia era deitada por cima desta, escorrendo livremente até um recipiente, pousado estrategicamente no chão. Como resultado, todas as impurezas (mais pesadas que o álcool), ficavam presos no metal da “pé de cabra” e o liquido puro era usado para aquecer as almas, etc...
A outra história aconteceu em Moçambique, onde uma amiga da minha amiga do meu vizinho da prima dele, senhora recém – chegada da Rússia, foi a farmácia para comprar um pouco de álcool. Como a dita cuja senhora apenas começou a arranhar a língua de Camões, ela não sabia como se diz: “álcool”. Pensando para com os seus botões, inexplicavelmente achou, que não havia nenhuma razão, para que este se chamar diferentemente da sua idioma natal, pediu em viva voz ao farmacêutico de serviço, um frasco de “spirt”. Toda a farmácia calou-se e todos os cidadãos olharam, muito interessados para a senhora, querendo ver a atrevida que pretendia comprar os espíritos, num estabelecimento comercial licenciado e respeitável. De seguida, a senhora apressou-se a sair daí envergonhada, mas dessa maneira aprendeu afinal, a diferença linguística e cultural entre os termos “spirt” e “álcool”. @AD

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