terça-feira, setembro 02, 2008

Primavera de Medvedev terminou sem começar

Escritor russo de culto, pai da ficção científica “não – soviética”, Boris Strugatsky fala sobre a guerra no Cáucaso.

por: Boris Vishnevskiy *, Novaya Gazeta São Petersburgo

— Será que aqueles que “reconstruíam a ordem constitucional” na Chechénia tem o direito moral de acusar os outros dos “crimes de guerra” na Ossétia do Sul? E aqueles que condenavam a NATO por “obrigar à paz” Sr. Milošević – bombardear Tbilisi, Gori e Senaki?

— Sobre quais “direitos morais” pode-se falar, se lembrarmos que Saakashvili não fiz na Ossétia do Sul nada daquilo, que nós próprios não fizemos 15 anos atrás na Chechénia? Em ambos os casos – (estávamos perante a) total “reconstrução da ordem constitucional e a luta sem quartel contra o separatismo”. E temos apenas uma das duas: ou nos próprios tratamos a Chechénia correctamente (de maneira legal, consoante a Lei, moralmente aceitável) – então como podemos acusar Saakashvili? Ou então Saakashvili é um patife, aventureiro e criminoso da guerra – mas então como teremos que olhar a arrasada cidade de Grózni? Dois princípios internacionais contraditórios se chocaram aqui – então tudo é resolvido pela força e não vamos perder a nossa atenção com a moral. Muito mais útil será contribuir para organização de um denso e interrupto fluxo da informação sobre o acontecido; para que o povo não afogar-se nas mentiras; para que a Força, mesmo sendo quase invencível, não se transformar a si própria, na Verdade.

— Quer dizer que você já não tem esperança numa “primavera de Medvedev”?
— Não. Nenhumas ilusões. Pela frente (teremos) uma Grande Estatalização e Militarização Afirmativa com todas, dai inerentes consequências, (no campo) dos direitos e liberdades. A primavera terminou sem começar.

Fonte:
http://www.novayagazeta.spb.ru/2008/62/3

* Boris L. Vishevskiy – jornalista, colunista, observador político do jornal russo Novaya Gazeta

***

Anedota sobre o tema:

Moscovo. A nova professora apresenta-se à turma.
— Bom dia. Meu nome é Maria Ivanovna. Eu apoio o Spartak. Agora peço que vocês, crianças, também se apresentam.
— Meu nome é Kolya, eu apoio o Spartak.
— Meu nome é Masha, eu apoio o Spartak.
Até que chega a vez do último menino.
— Meu nome é Oleksiy, eu apoio Dynamo Kyiv.
Professora indigna-se.
— Mas como pode? Porque tu apoias o Dynamo!?!?
— Minha mãe apoia o Dynamo, meu pai apoia o Dynamo, meus amigos apoiam o Dynamo e eu apoio o Dynamo.
— E depois? E se a sua mãe for puta, pai – drogado, os amigos simplesmente – paineleiros, o que você iria fazer?
— Então iria torcer pelo Spartak.

Autor:
http://users.livejournal.com/_sls

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