Russos trocam livros pela serveja
in: "Handelsblatt", Alemanha
por: Matthias Brueggman
Moscovo. Fixando “Crime e punição” de Dostoevskiy com olhos, o passageiro esta descer a escada rolante do metro. Sem levantar a cabeça ele entra na carruagem. Junto a ele, um outro passageiro, com uma mão segura-se para não cair e com a outra lê o último número da revista literária “Noviy Mir”.
Desta maneira muitos dos estrangeiros recordam os moscovitas. Mas isso acontecia no passado. Quando os dissidentes eram presos nos campos de concentração. Ou na época de Gorbachov, quando era permitido ler “Arquipélago GULAG” e o Andrei Sakharov voltou do exílio forçado. Isso foi no tempo, quando a Rússia era considerada como pais “com mais hábito da leitura do Mundo”.
Mas este tempo já passou. Quem entrar no metro de Moscovo hoje, torna-se testemunha das grandes massas de pessoas, apertos constantes, correrias, o cheiro das peles molhados, vómitos e suor das pessoas apressadas, empacotados nos pesados paletós de pele.
A Duma Estatal (Câmara baixa do Parlamento russo) aprovou um regulamento, que multa em 10 Euros as pessoas que bebem a cerveja nos locais públicos. “Matar a babalaza”, - chamam os russos o seu habito de beber a cerveja pelas manhas, para colmatar os efeitos do consumo da vodka na noite anterior. Quem gostará de ler neste estado?!
A metade da população russa, no mínimo não pegou nenhum livro pelo menos durante um ano. Não compraram nenhum livro neste milénio pelo menos dois terços da população do país. “Livro deixou de ser o refúgio contra os repressões do Estado”, - esta é a conclusão dos sociólogos do Instituto “Opinião da Sociedade”, depois da conclusão de um inquérito de 1500 cidadãos.
Depois da ruína do sistema comunista, Rússia vive uma correria capitalista. Se antes as pessoas calmamente viajavam para a sua fabrica, que estava parada por falta das peças sobressalentes, hoje milhões das pessoas andam de carro de um emprego para o outro. Como resultado, as tiragens dos livros na Rússia baixaram drasticamente, de 1,6 bilhões em 1990 para 562 milhões em 2004. Recordista das tiragens hoje é a D. Dontsova, responsável pelos 99 títulos com uma tiragem sumária de 18,1 milhões de exemplares (são histórias policiais, onde a esmagadora maioria dos vilões possuem apelidos ucranianos). 60% de todos os livros editados hoje na Rússia são policiais ou histórias baratas de amor, apenas uma em cada sete livros pertence a clássica mundial ou será obra de um autor contemporâneo sério.