A Camasutra ucraniana: como amavam os ucranianos
O artista plástico, escritor e investigador ucraniano, Oleksander Vyzhenko, da cidade de Zaporizha, editou o livro "Ucrânia do amor" (Україна кохання), baseada na sua investigação do folclore erótico ucraniano.
- Vários anos, estudando a história dos cossacos ucranianos, eu trabalhava com o folclore, estudei o material das canções dos cossacos, dos militares, dos chumakos (gente que dedicavam-se ao comercio do sal), de humor, sociais, ligados aos rituais. Prestava atenção às canções que falam sobre o amor carnal entre o homem e a mulher, em várias combinações: rapaz – rapariga, marido – esposa, cunhado – cunhada, etc. E percebi que essa informação não deve ficar esquecida, tenho que a contar às gerações vindouras, como parte da nossa história, - conta o investigador.
As coisas como prostituição, homossexualismo masculino e feminino, masturbação, são conhecidos a muito tempo. Tudo isso também existe no folclore ucraniano. As vezes fala-se bastante directo, outras vezes numa linguágem muito poética, as vezes parece que é uma brincadeira, mas investiga-se mais e pode-se ver que é tudo a sério.
Por exemplo, é possível comparar a Tantra indiana e a canção popular ucraniana que diz:
"Minha mulerzinha querida / Жіночка моя люба,
Ela me dá o mimo / Вона мене приголубить.
E vai mimar a criança / І дитині ласку дасть,
E até o Deus louvará / Ще й Всевишньому воздасть".
Estamos falar dos tres mundos, do que se fala em Tantra, - é o marido, é o filho e o Deus. Ou então, da mesma canção:
"Ohm, como ela é bonita / А яка ж вона вродлива!
Têm a força do outro mundo / Має неземную силу.
Para os olhos é belezura / Для очей принадонька,
E até para o espírito é doçura / Ще й для вух усладонька.
E é mágica, e é cheirosa / І чарівна, і пахнюща,
Doce, parece o mel / Наче мед той солодюща.
E fazer amor com ela é uma maravilha / І злягтися з нею – диво.
Eu estou feliz e ela fica contente / Я радий, й вона щаслива!"
E as coisas deste tipo, acontecem sempre. Os tratados da Índia e Tibeto são muito parecidos com o folclore ucraniano, apenas a linguágem é diferente. Tudo que tem a Camasutra, tambem existe na tradição ucraniana. Por exemplo, na Ucrânia existia o termo “semana do desejo” (хотінковий тиждень). O homem fala muito poeticamente do seu desejo:
"Segunda – Feira – desejofeira / Понеділочок – хотілочок.
Terça – quero amada até desmaiar / Вівторок – багну любку аж до паморок.
Quarta – quero esposa como sempre / Середа – хочу жінку, як всігда.
Quinta – se não fosse amor, podia morrer / Четвер – якби не злука, то б умер.
Sexta – Feira – querideira / П’ятниця – голуб"ятниця.
Sábado – noitinha doçe / Субота – ніченька солодка.
Domingo – ardo como antes do casamento / Неділя – так горю, як до весілля".
O povo fala de maneira muito interessante sobre o pénis: "Uma flor brotante do meu querido", "melhor planta de todo o redor" – cantava a mulher sobre este.
Oleksander Vyzhenko, também falou sobre o sexo não tradicional, ele apresenta algumas canções populares e explica o seu significado oculto. Os cossacos ucranianos, que viviam longos periodos sem a presenca das mulheres, podiam ter este tipo de relações, mas isso não era bem vindo, considerava-se como não natural:
"Ohm, no carvalho, no seu cume / Ой на дубі, на вершині
Esta sentado o Semen em paleto / Сидить Семен в кожушині.
Paleto rasga-se / Кожушина лопотить,
Semen voa do carvalho / Семен з дуба летить.
Bem feito ao Semen / Так Семенові й треба,
Para que não venha ao céu / Щоб не лазив до неба".
Pode parecer, que fala-se de uma pessoa chamada Semen, que subiu a arvore e caiu dele. Mas ucranianos, muitas das vezes comparavam o carvalho e o pénis:
"Ohm, olha, minha amada. Tira a camisa, sobe o carvalho / Ой, дивись, моя люба. Скинь сорочку. лізь на дуба".
"Sussurra, sussurra o carvalho. Com quem vou dormir agora. / Шелесть, шелесть по дубині. З ким я буду спати нині?".
Também no folclore ucraniano, existe um tipo de amante, um Don Juan ou Casanova ucraniano. Eles tem os nomes diferentes: Djemdjyk (Джемджик), Djedjerun (Джеджерун), Djygu (Джигу), Djygun (Джигун), Djegeri (Джегери), Djurylo (Джурило). Se juntar todas as suas características, podemos ver um amante eterno, que nunca para, atendendo os desejos de muitas mulheres. Por exemplo, durante as guerras, ele aparecia para mimar as senhoras, concebendo lhes filhos:
"Djedjerun bravo, me pega nas mãos / Джеджеруне бравий, возьми мене на руки,
E dos mãos para colo e do colo para o amor / А з рук на коліна, а з колін - на злуки".
Ele amava as mulheres:
("Tocam os cucos / Закували зозуленьки, сидячи на свеклі.
Quem não ama a mulher alheia, / sentados na beterraba. Хто не любить чужих жінок, tem a alma no inferno / того душа в пеклі").
Mas não “traiu” nenhuma deles: ("Ohm, amava eu, quarenta moças / Ой любив я дівок сорок, e trezentas mulheres. / а молодиць триста. Tenho esperança que perante o Deus / Маю в Бога надієньку: minha alma é limpa / моя душа чиста").
Numa das canções, Djygun diz a moça, que o pede passar uma noite com ele, que ele podera lhe fazer um filho, mas depois não ficará com ela, irá embora.
No seu análise sexual do folclore popular, Vyzhenko não usa as palavras como orgasmo ou sexo. Ele acha que estes termos gregos não são correctos, para analisar os textos ucranianos. Por isso ele inventou os seus próprios: orgasmo é chamado de tilas (mimos do corpo), sexo tornou-se jyvoskus (tentação e vida).
- Nem todos, vão aceitar os meus argumentos, diz Oleksander, mas isso faz parte da cultura ucraniana, e não deve ser ignorado.
Fonte: http://ukraina.utro.ru/articles/2005/08/23/470435.shtml