segunda-feira, setembro 06, 2010

Moçambique: o que fazer e quem é culpado?

Nem sequer vou tentar responder a primeira questão, provavelmente só irei reproduzir a habitual lista dos “culpados do costume”: colonialismo, socialismo, povo, deixa andar, não deixa fazer, a variante “neo-liberal” (nunca percebi o que isso significa) do capitalismo e por ai fora.

Gostaria de enumerar apenas alguns pontos práticos que já ficaram evidenciados em Fevereiro de 2008, foram focados violentamente pelos acontecimentos de 1 – 3 de Setembro de 2010 e que urge corrigir antes do início do próximo levantamento popular.

Infra-estruturas:

As nossas infra-estruturas estão quase totalmente desprotegidos e meia dúzia de adolescentes em 15 minutos conseguem facilmente cortar EN-1, estrada Witbank – Maputo, etc. O Estado moçambicano gasta milhões de dólares para reabilitar, renovar e construir diversa infra-estrutura e depois “poupa” as quinhentas para a proteger. Outro exemplo: mais de um ano atrás desapareceu (parece que foi saqueada pelos populares) a cerca separadora entre as duas faixas de rodagem na Av. OUA, no traço Hospital José Macamo – Portagem de Matola. Resultado? Os marginais facilmente atravessavam a estrada, atirando as pedras contra as viaturas. Se a cerca estiver no lugar, a acção destes “bandidos desarmados” seria dificultada. O Aeroporto Internacional recentemente remodelado fica praticamente indefeso contra um possível ataque – surpresa dos vândalos, convêm repensar a sua maior protecção. Existe a necessidade urgente de garantir a segurança na Avenida dos Acordos de Lusaka, pois não é possível que uma cidade – capital fique privada das ligações aéreas com tanta facilidade.

Convém não esquecer, que todos os obstáculos usados pelos revoltosos, todos os troncos, pedregulhos, tubos de cimento e outro entulho, ficaram, de um modo geral, no mesmo lugar. Urge remove-los, para que não possam ser aproveitados no futuro próximo.

Mas analisando a questão globalmente, porque não introduzir (reforçar) no Código Penal um artigo que pune severamente qualquer atentado perpetuado contra e/no recinto das infra-estruturas nacionais? Uma lei semelhante existe no México e pune aqueles que atacam os utentes das auto-estradas daquele país.

Equipamento das Forças Policiais:

Ainda bem que a África do Sul nos ofereceu alguns blindados usados pela polícia. Pena que estes foram pensados na penetração nos bairros problemáticos e não (como demonstravam as imagens da Costa do Sol) para a remoção das barricadas. Para o efeito, convém adquirir pelo menos 2-3 blindados mais baixos e robustos, que possuindo uma faca – pá em frente, pudessem facilmente derrubar os obstáculos, desimpedindo as vias de acesso. Outra aquisição urgente é pelo menos um veículo policial lança – água, para que não haja necessidade de usar o fogo real. Assim facilmente será diminuído o número de mortes e até a Amnistia Internacional ficará mais contente.

Uma nota negativa: em três dias dos tumultos não vi nenhum elemento do BAC (facilmente identificável pelo seu fardamento negro), motorizado, ou não. Sofri um assalto mais ou menos violento no Verão de 2005 e lembro como era reconfortante, algum tempo depois, ver as motos do BAC passarem calmamente nas ruas. Garanto sem dúvida alguma, o cidadão honesto sentia-se muito mais seguro e o bandido procurava outras paragens mais longínquas.

Forças Armadas (Polícia Militar; Marinha da Guerra):

Já que o país decidiu que precisa de Forças Armadas e da Marinha, e na situação actual, quando os efectivos da polícia (PRM e PIR) são claramente insuficientes para as reais necessidades do país e da capital, devemos contar com o exército e com a marinha para em uma situação extraordinária, estarem preparados para enfrentar a rebelião urbana. Pois essa é uma ameaça real à soberania nacional.

Imprensa:

A STV teve um papel maduro e preponderante, informando, analisando, demonstrando os acontecimentos em tempo real. A TVM, paga por todos nós, demitiu-se quase por completo do seu papel em ser o primeiro canal nacional. Única coisa que faltou à STV é uma espécie de criação de um mapa – guião, para que o cidadão poder visualizar onde estão as zonas mais perigosas, para poder evita-las.

Cidadão:

Por fim, o cidadão tem que pensar em sua própria segurança. Não visitar as zonas perigosas, não circular na cidade sem uma forte necessidade, e como ensinam os manuais de sobrevivência urbana sempre manter o low profile.

Existe a necessidade real de ter em casa o stock de emergência: cópias dos documentos pessoais, velas, pilhas de lanterna, arroz, massa esparguete, leite condensado, farinha, sumo diluível, óleo alimentar, água potável (este stock deve ser renovável uma vez por ano). Na impossibilidade de armazenar o combustível, convém não deixar o tanque da sua viatura em baixo, pois existem momentos quando os 5 litros extra significam a diferença entre a vida e a morte. Quem usa o Credelec, comprando a sua próxima “recarga”, poderá comprar um consumo extra, de 100, 200, 500 MT, consoante o bolso. Essa “recarga” é intemporal e pode ser usada no momento em que os locais habituais de venda de Credelec estiverem fechados. Convém ter em casa algo para a protecção pessoal, nem que seja um extintor de pó químico ou uma pá de sapador...

Que mais?

Os governos geralmente desconfiam do cidadão independente e auto-suficiente. Passado mais ou menos socialista faz com que estes suspeitam das intenções daqueles que tomam a iniciativa em defender-se e defender os seus. Por isso cada um dos meus leitores pode e deve olhar em seu redor e fazer uma pergunta simples: estou preparado para enfrentar uma semana sem sair de casa e sem nenhum tipo de abastecimento externo? Se a sua resposta for negativa, mãos à obra!

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