Gerard Depardieu descobre a Ucrânia
O famoso actor francês, Gerard Depardieu, que possui dois restaurantes em Paris e centenas de hectares da vinha nos oito países do Mundo, pretende abrir um restaurante em Kyiv (Kiev) e comprar alguns vinhas na península ucraniana de Crimeia.
Durante a sua estadia na Ucrânia, Depardieu fiz uma clipe publicitário, cantou em dueto com a Ministra da Cultura Oksana Bilozir e andou a procura de um lugar sossegado para o seu futuro restaurante. As vinhas da Crimeia, são necessárias, exactamente para fornecimento posterior dos vinhos ucranianos ao restaurante.
Gerard Depardieu tinha bom relacionamento com o ex – presidente ucraniano, Leonid Kuchma e a sua esposa Ludmila. Várias vezes ele visitava a Ucrânia, alegadamente, ao seu convite.
Com início da Revolução Laranja, Depardieu aproximou-se ao novo líder ucraniano, Viktor Yushenko, com quem encontrou-se desta vez em Kyiv, para um almoço informal.
Alem disso, no futuro próximo, Gerard Depardieu poderá participar no projecto cinematográfico franco – ucraniano “Taras Bulba”. “O guião esta a ser escrito agora, o livro já não era adaptado para o cinema há muito tempo, eu penso que agora será o tempo ideal de fazer isso. Porque existe uma nova Ucrânia, que atraiu o interesse de todo o Mundo, portanto penso que isso será actual”, - disse Depardieu.
O próprio actor francês poderá fazer o papel de Taras Bulba.
Fonte: Televisão ICTV
Nota literária: Taras Bulba é o herói do romance homónimo do escritor ucraniano Mykola (Nikolay) Gogol, desde sempre “nacionalizado” pela critica literária russa, que conta a história de um fidalgo cossaco, que luta contra o domínio colonial polaco na Ucrânia, no século XVI. Pai de dois belos rapazes, Andriy e Ostap, Tars Bulba vê o Ostap cair nas mãos inimigas e mata posteriormente, com as próprias mãos Andriy, pois este passa para o lado polaco, por causa de um grande amor. Mais tarde, Bulba, ajudado por um comerciante judeu assiste clandestinamente a execução do seu filho em Varsóvia e no fim, acaba ele próprio ser aprisionado e morto pelas tropas do colonizador.
De ponta de visto da teoria e critica literária, o romance poderá ser visto como um tributo de Gogol, ao estatuto colonial dos ucranianos. Assim, o Andriy tenta sobrepor-se sexualmente a sua amada polaca, mas não consegue, pois ela acaba por o travestir: “<...> colocou os brincos nos seus lábios e uma diadema na sua cabeça, ... ela fez mil coisas estúpidas com ele”. Quer dizer, mesmo se o libido pessoal deste ucraniano fica satisfeito, ele continua a ser um ser colonizado, portanto dominado pelo colonizador, mesmo se este colonizador é a sua amada.
O próprio Taras Bulba morre por causa de um cachimbo perdido, portanto perde a vida por uma ninharia.
Será que a luta dos ucranianos era condenada à partida? Gogol não responde a essa pergunta. A sua própria vida era um tormento: ucraniano de alma e coração, ele viveu maior parte da sua vida no capital do Império – São Petersburgo, carregando desde sempre a ferrete de “hohol” (nome pejorativo dado aos ucranianos pelos russos), pegado ao escritor por outro representante das minorias - Pushkine.