sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Os moscovitas / Кацапи / PG 18

Oleksander ( Les ) Podervyanskiy
www.ultima.te.ua
www.doslidy.kiev.ua

Dedicado às relações inter - povos.

Família Deryosov. Vladimír – moscovita. Aleksándr – moscovita. Nadéjda – moscovita. Yemelyán – moscovita. Valentín – jovem moscovita, filho de Nadéjda.
Grisha – lutador. Misha – pugilista. Tolik – filho de Opanas. Opanas – ladrão, gasto pelas prisões. E também a voz vinda do mar, que pertence ao antigo combatente, que toma banho.

Primeiro acto

Varanda com samovar (a chaleira russa) e bandeja de uva junto a um mar azul. Mar está muito calmo. Na varanda estão sentados os moscovitas que jogam as cartas.

Aleksándr: (para Nadéjda) O teu Vladimír, não entenda no jogo o patavina!
Vladimír: Apanhaste o meu ás, agora ‘tás chateado, ‘tás, pá, eu vejo!
Yemelyán: Então, o que temos agora, as duas últimas?
Nadéjda: Você, meu amigo de peneira, caíste da Lua, o que? Agora não levamos as moças.
Aleksándr: Vladimír, seu panileiro, os paus agora não jogam, pá! Olhem lá, explicas para ele, e ele fica sentado, nem parece é nosso, parece que vende caralho.
Nadéjda: Valentín, de caiado! Tu porque apertas os colhões do gato? O gato é seu?
Valentín: Maesinha, eu puxei só uma única vez!
Nadéjda: Olhe lá, Valentín!
Aleksándr: Vai tudo p’ra cona, nos estamos jogar ou não?
Vladimír: Não é nada, o seu filhão é um batalhador, diz lá para o tio, vou crescer, e então tio Aleksándr, também te arranco os colhões, para que você ande menos nas putas!
Valentín: Vou crescer, tio Aleksándr, e também te arranco os colhões, para que você ande menos nas putas!

Todos os moscovitas riem-se. No mar, devagarinho, aparecem pequenas ondas que batem, de maneira gostosa, no praia.

Segundo acto

Um compartimento comum de um comboio de merda. Nos bancos estão sentados Grisha, Misha, Tolik e Opanas. Eles olham à janela, descascam um peixe seco, bebem chá de porta – copos de alumínio e em fim, divertem-se, como é normal num comboio.

Tolik: (olha à janela) Pai, olhe lá, é um camião!
Opanas: (acaricia os cabelos de filho) Sim, filho, se você agora meter-se na estrada, então as suas tripas poderão voar para bem longe!
Tolik: Pai, é pá, as montanhas. Pai, lá estiveram os nossos?
Opanas: (acaricia os cabelos de filho) Estiveram, filho, eles estiveram em todo o lado.
Tolik: E eles resistiam até a morte?
Opanas: (bate o filho na cabeça) Cala te, porra, já me chateaste p’ra caralho!
Misha: Ele é criança, não entende que pai está cansado.
Grisha: Vocês vêm de longe?
Opanas: Da prisão!
Misha: (tira a garrafa de vinho): Papá, vais beber?
Opanas: O fígado de caralho, mas enche lá o copo.
Tolik: Papá, eu também quero!
Opanas: Toma lá, mas depois não pede p’ra ir mijar.
(Todos bebem).
Opanas: Vou nadar no mar, caralho. E vou dar o banho à ele (aponta ao Tolik). Os médicos receitaram à ele nadar no mar.
Tolik: Pai, o que é melhor: tanque ou metralhadora?
Misha: Tanque melhor, metralhadora uma vez leva a porrada e caralho, fodeu-se!
(Com estes palavras, Misha enche os copos de Opanas, Grisha, Tolik e o seu com o vinho).
Tolik: Papá, eu quando crescer, então estudarei para ser comandante ou oficial de exército! O que é melhor, oficial ou comandante?
Grisha: É a mesma merda!
Opanas: Você ainda é um punheteiro, para estudo de oficial.
Misha: Diz, Tolik, fodeste me a cabeça pai, com os seus oficiais, eu vou nadar no mar! Queres nadar?
Tolik: Eu quero disparar!!!

Terceiro acto

Varanda com samovar e os moscovitas. O mar é agradavelmente agitado.

Vladimír: (pega num considerável pedregulho) Nadéjda, olhe lá, como eu agora vou atirar essa pedra, pá!
Nadéjda: Mas você é como um puto, pá, não respeitas a si próprio! Você já é um caralho velho pá!
Vladimír: Mas vamos apostar, só de brincadeira pá, vai saltar três vezes! (Vladimír atira a pedra no mar, que logo afunda-se).
Nadéjda: Então, pá, seu panileiro, comeste a merda?! Não tenhas a vergonha?!
Yemelyán: Vladimír, pedra tem que ser esplanada, olha a minha, vai saltar umas cinco vezes.
Nadéjda: Como putos, pá, por amor de Deus, as pessoas olham, seus panilas velhos!
Vladimír: ‘Ta calada, puta, se não, também vamos te atirar ao mar, caralho!
(Com medo, Nadéjda cala-se. Vladimír e Yemelyán atiram as pedras. Aleksándr, com ciúmes, encontra um enorme calhau e abanando-o, corre para a praia).
Aleksándr: Enquanto vocês aqui andavam se foder, eu apanhei isso (mostra calhau, escorregadio e nojento à Vladimír e Yemelyán e atira o ao mar).
Uma voz vinda do mar: É pá, eu, porra, agora fodo um panileiro qualquer com a pedra! (Do mar sai um antigo combatente de biquini e com as medalhas no peito cabeludo. Uma perna sua é dez centímetros mais curta que a outra).
Antigo combatente: (para Aleksándr) Eu, porra, fodo uma vez, qualquer hospital vai me receber, e a ti – não!
Valentín: (para Aleksándr) Tio, Aleksándr, o tio inválido, o que, quer arrancar os seus colhões, para que você ande menos nas putas?

Um silencio alarmante. Mau tempo no mar agrava-se cada vez mais.

Quarto acto

Compartimento comum de um comboio de merda. Na mesa sentam bêbados Misha, Grisha, Opanas e Tolik, mantendo a conversa da alta sociedade.

Misha: (para o Grisha) Uma vez num país Báltico, eu sentei no bar. A minha volta – as cadeiras antigas. Uma cena de caralho! Entra um cabrão e me diz: “este lugar é meu, será que você se pode mudar”? Eu respondo: “mas com caralho, será que tu fumaste, talvez és tu que vais te mudar”?!
Misha: Eu fodo essas cenas!
Grisha: Eu te admiro, Misha, porque tu és um gajo arriscado!
Misha: Esses gajos, no Báltico, caralho, escrevem tudo nas ruas, numa língua que não é a nossa! Quando perguntas algo, então ele primeiro olha assim para ti, depois começa na sua língua blá – blá – blá! Não entende a puta em russo. As gajas deles são uma merda. Assim (mostra com a mão junto a cabeça), ainda mais ou menos, mas o resto é uma merda.
Grisha: O que, em todo o lado, tudo ‘ta escrito numa língua que não é a nossa?
Misha: Mas com caralho, eu não vou mentir, caralho!
Opanas: (para o Tolik) Filho, olha, o mar!
Tolik: (sem nenhum entusiasmo olha para o mar agitado) Papá, o mar, é grande? Assim, que a outra margem não se vê?
Opanas: Com os binóculos pode-se ver.
Tolik: E se os binóculos estragaram-se, então vê-se?
Opanas: Mas que caralho podes tu ver, se não se vê nada?!
Tolik: Papá, na outra margem estão os nossos?
Opanas: (sinistramente) Ali estão os moscovitas!

Todos calam-se funestamente. O comboio pára. Podem-se ouvir gritos: “chegamos” e um barulho do mar, bastante ameaçador.

Quinto acto

Varanda com samovar. No mar levanta-se uma tempestade. Os moscovitas estão na varanda.

Aleksándr: O tempo, ah, Nadéjda, o dono não irá mandar o seu próprio cão para a rua!
Nadéjda: Se eu souber, que você é um cabrão assim, eu melhor iria com o Trofím para o Seliger. Em vez de aqui, contigo, foder o ceguinho!
Aleksándr: Tu, Nadéjda, não me enerves, eu te parto a cona, por este Trofím!
(Entram Opanas, Tolik, Misha e Grisha).
Misha: Olhem lá, os moscovitas!
Grisha: (com sotaque moscovita) Como vaaai o tempo em Maaascovo???
Vladimír: Eu não entendi a piada?!..
Opanas: Mas que caralho, os moscovitas são sempre tão espertos, mas não entendem... (Opanas aproxima-se de modo ameaçador ao Vladimír). Tira as calças, vou te foder!
Yemelyán: Perdão, vocês não estão na sua casa!
(Misha, Grisha, Opanas e Tolik batem os moscovitas. Estes gritam com as vozes manhosas).
Nadéjda: Grunhos malditos, eu vós odeio, eu gostaria de fuzilar vós todos!
Opanas: (golpeia a Nadéjda) ‘Tá calada, sua puta, quando homens falam contigo!
(Gritos silenciam-se. Mão tempo colossal toma conta do mar. Em redor, estão estendidos os corpos dos moscovitas espancados).
Tolik: Papá, parece que acabou, caralho!
Opanas: (da porrada no Tolik) Quantos vezes tenho que te ensinar, caralho, para que tu não praguejares?! O pai para ti é o que, um lugar vazio, pá?!

De repente ove-se um barulho aterrorizante. É o samovar dos moscovitas. Ele chia, sobrepondo-se ao barulho da tempestade no mar. Todos olham o samovar com medo. Os barulhos de samovar acompanham o fecho devagaroso da cortina de boca.

FIM.

Nota sobre o autor:

Oleksander ( Les ) Podervyanskiy nasceu em 1952 em Kyiv (Kiev).
Em 1976 foi graduado pelo Instituto de Belos Artes de Kyiv. Desde 1980 é membro da União dos Pintores da Ucrânia.
Especialidades: design teatral, gráfica.
Vive e trabalha em Kyiv.

Notas de tradutor.

1. “Varanda com samovar e bandeja de uva junto à um mar azul” é uma certa alusão às peças teatrais de Anton Tchekov.
2. O pano de fundo da peça são relacionamentos entre os russos da 1ª (moscovitas, gente vinda de metrópole) e os russos da 2ª (gente nascida ou residente nas colónias). Os da 2ª não gostam dos primeiros, considerando os “betinhos”, e os da 1ª desprezam os da 2ª, considerando os “lavradores e incultos”.
3. Quer os moscovitas, quer os russos ultramarinos, falam a língua russa de uma maneira que os caracteriza como certa classe social. Tentou-se preservar essas falas na tradução, que foi possível apenas parcialmente.
4. O local hipotético, onde se desenrola a peça, é a Crimeia, terra conquistada pelos russos, aos tártaros no século XVIII.
5. Seliger – destino turístico russo, na moda nos anos 70 – 80.

Vários monólogos de Les Podervyanskiy, estão disponíveis no seu site oficial:
www.ultima.te.ua/hamletua/index7.html

The Mothman Prophecies (A Última Profecia) / Cinema

Também pode ser traduzido como: "As Profecias do Homem - Mariposa"

Ficha Técnica

Título Original: The Mothman Prophecies
Género: Suspense
Tempo de Duração: 119 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2002
Site Oficial: www.spe.sony.com/movies/mothman - não funciona
Site Oficial: http://www.themothmanlives.com/ - não funciona
Estúdio: Lakeshore Entertainment
Distribuição: Screen Gems Inc.
Direcção: Mark Pellington (O Suspeito da Rua Arlington, Indo até o Fim)
Roteiro: Richard Hatem, baseado em livro de John A. Keel
Produção: Gary W. Goldstein, Gary Lucchesi e Tom Rosenberg
Música: Jeff Rona, Tom Hajdu & Andy Milburn
Fotografia: Fred Murphy
Desenho de Produção: Richard Hoover
Direcção de Arte: Troy Sizemore
Figurino: Susan Lyall
Edição: Brian Berdan

Elenco

Richard Gere (John Klein) O Poder do Amor; Gigolô Americano; Lancelot: O Primeiro Cavaleiro; O Chacal; Justiça Vermelha
Laura Linney (Connie Parker) O Óleo de Lorenzo; Presidente Por Um Dia; O Show de Truman; As Duas Faces de um Crime; Poder Absoluto
Will Patton (Gordon Smallwood) Depois de Horas; Armageddon; Duelo de Titãs; 60 Segundos
Debra Messing (Mary Klein) séries Ned And Stacey; Will & Grace
Shane Callahan (Nat Griffin) Vampires Anonymous; Above Suspicion
Alan Bates (escritor Alexander Leek) Nijinski; Assassinato em Gosford Park
Nesbitt Blaisdell (Josh Jarrett: Chefe da polícia)
Clay Bunting (Kevin)
Dan Callahan (C.J.)
David Eigenberg (Ed Fleischman: melhor amigo, repórter)
Christin Frame (Holly)
Pete Handelman (Aide)
Lucinda Jenney (Denise Smallwood) G.I. Jane; Da Magia À Sedução
Ann McDonough (Lucy Griffin)
Cameron Crowe – (bartender)
Outros: Bob Tracey, Ron Emanuel, Tom Stoviak, Yvonne Erickson

“The Mothman Prophecies” (2002), é inspirado em fatos verídicos, conta a história de estranhos acontecimentos que assolaram a pequena e pacata cidade de Point Pleasant (Ponto Agradável), em Virgínia Oeste. Os habitantes da cidade parecem estar sofrendo de alucinações colectivas, que transformaram totalmente as suas rotinas diárias e de todos aqueles que passavam pela cidade.Baseado no livro homónimo de 1975, do jornalista John A. Keel, um estudioso de casos misteriosos e sem explicação, no qual ele relata estranhos fenómenos nas proximidades da cidade de mesmo nome, acontecidos nos anos de 1966 e 1967, que duraram treze meses e foram interpretados como premonições de uma tragédia que aconteceu na ponte “Silver”, travessia do Rio Ohio, em 15 de Dezembro de 1967, matando 46 pessoas (e não 36, como no filme). O mito do Homem – Traça (Homem – Mariposa) também deu origem a outros best sellers, como Mothman: The Facts Behind The Legend, de Donnie Sergent Jr. (no qual ele conta a história do casal de namorados, um dos quais sangrou pelos olhos e que alega ter visto o Homem - Traça nas proximidades de uma fábrica abandonada em Point Pleasant), The Silver Bridge, de Gray Baker (sobre o acidente na ponte) e Mothman And Other Curious Encounters, de Loren Coleman (um breve apanhado de todos os acontecimentos que inspiraram o filme).”A Última Profecia” acabou sendo a conclusão oficial dada por Jon Keel acerca do próprio mito do Homem - Traça e dos estranhos eventos em Point Pleasant, a de que, a cidade era uma espécie de janela aberta para o insolúvel e o bizarro, pois, durante muitos séculos, muito se ouviu e se viu naquelas redondezas.”A Última Profecia” começa contando a trajectória de John Klein (Richard Gere), um jornalista bem sucedido do Washington Post. Ele é uma referência à Mary Hyre, a repórter do jornal Athens, de Ohio, que na realidade, investigava os acontecimentos em Poin Pleasant em 1967. John Klein é casado com Mary (Debra Messing) e eles vivem em Washington D.C., onde planeiam a compra de sua residência.Mas um acidente de carro, provocado por uma visão de Homem – Traça, faz com que Mary descubra que tem no lóbulo temporal do cérebro, um tumor muito raro. Apesar dos esforços para salvá-la, ela morre. Ajudado por um enfermeiro, Klein encontra nos papeis da esposa, desenhos de criaturas com asas, similares a um “anjo da morte”, que ela fez durante seu internamento e supõe que aquela teria sido a visão da Mary, antes do acidente.Dois anos se passam, e numa noite, na eminência de se encontrar com governador Rob McCallum (Murphy Dunne), John viaja de carro para a cidade de Richmond. Mas alguma coisa muito estranha acontece. Em apenas uma hora e meia, num trajecto que deveria levar cerca de seis horas, ele atravessa um estado inteiro, parando misteriosamente em Virgínia do Oeste, na perdida cidade de Point Pleasant, fronteira com o estado de Ohio, a 650 quilómetros de onde pensava estar.
Outra surpreendente situação, faz com que John fique extremamente intrigado com a cidade. Um morador, Gordon Smallwood (Will Patton), a quem ele pede ajuda logo após o seu carro parar no meio da estrada, o ameaça com a espingarda, alegando ser a terceira vez que, em plena madrugada, exactamente, a mesma hora, John incomoda a ele e à sua mulher Denise (Lucinda Jenney). A xerife local, Connie Parker (Laura Linney), tem um pesadelo em que alguém lhe diz: "Acorde, número 37", mas não entende o seu significado.
Mas o quê mais perturba John, é o facto de que muitos dos moradores, têm relatado aparições de estranhas criaturas, anjos com asas negras, e quando Connie lhe mostra a figura de um deles, ele tem a certeza de que se trata da mesma que Mary viu antes do acidente, o que o faz permanecer na cidade e tentar descobrir que acontecimentos estranhos têm perturbado os ânimos da Point Pleasant. Além disto, tenta entender como percorreu uma distância tão grande em menos de duas horas. No outro dia, ao tentar resolver o problema do seu carro, descobre que o veículo não tem nenhum defeito.Como é denotado no livro de John Keel, o som emitido por criaturas misteriosas, soa como o de um grito de mulher, embora no filme, o Homem - Traça, que se auto denomina de Indrid Cold (Bill Laing), usa voz sinistra nas conversas com os personagens de John Klein e Gordon Smallwood, dando informações sobre eventos futuros.Mais tarde, John encontra-se com um estudioso e escritor de livros sobre premonições, dos casos misteriosos e aparições, Alexander Leek (Alan Bates), que lhe fornece importantes informações sobre o mistério da criatura sobrenatural, o Homem – Traça, que aparece antes da ocorrência de grandes tragédias. Por exemplo, Leek conta que o Homem – Traça apareceu varias vezes na Ucrânia, antes de acidente nuclear de Chornobyl. Escritor, também, aconselha o Klein de se afastar da cidade e evitar o contacto com Indrid Cold e suas premonições, não negando o seu fascinação pelo inexplicável e extraordinário que cerca o nosso Mundo banal. A única coisa que não foi tratada no filme, é o fato de que estranhas visitas também aconteceram à repórter Mary Hyre, que investigou o caso em Point Pleasant. Foram visitas de enigmáticos homens vestidos de preto, que surgiam e desapareciam de repente, e que se mostravam muito interessados nas investigações acerca das aparições e dos eventos na cidade.Há também o fato de que os aparelhos de televisão e de telefone, começaram a falhar em Point Pleasant, em meados de Dezembro de 1966, emitindo estranhos sinais, que poderia ser a tentativa de Homem – Traça de se comunicar com os humanos.E por fim, quem é o Homem – Traça? No filme, Alexander Leek (Alan Bates) explica, que Homem – Traça é a forma mais evoluída da vida.

Explicação Científica:
A criatura com grandes asas e olhos vermelhos é uma Tyto alba, nome científico para uma grande coruja que se esconde em celeiros e sai à noite para caçar.

No entanto, o critico de cinema, Carlo Cavagna, afirma no seu artigo no site AboutFilm.com, que houve pelo menos doze aparições de Homem – Traça na Ucrânia em 1986, antes do acidente, acontecido no dia 26 de Abril. E que também, ouve varias aparições do Homem – Traça antes e durante o colapso de Xiaon Te Dam na China em 1926, no terramoto de Chicago em 1951 (o único terramoto na história da cidade), no desastre numa mina na Alemanha em 1978 e no desaparecimento do um avião no triângulo de Bermúdas em 1983.
Nos muitos casos, acredita-se que Homem – Traça salvava as vidas das pessoas, atraindo os ou assustando os para afastar da zona de desastre. Em alguns casos, isso provocava a morte das pessoas, incluindo numa aparição durante a guerra de Crimeia no século XIX, que causou a batalha mais sangrenta daquela guerra.
Antes da tragédia na ponte “Silver”, foram registados mais de cem aparições de Homem – Traça, assim como outras anomalias: aparição dos OVNIS ou de extraterrestres verdes. Muitos dos casos foram relatados na imprensa local e foram suficientes, para convencer muita gente, que algo irá de acontecer.
No seu artigo, Carlo Cavagna, cita o site oficial do filme, mas o portal sony, onde este deveria ser alojado, diz que desconhece o paradeiro do site. Por isso, não é possível confirmar essa informação in loco.

Nota de autor:
Vi o filme nos meados de 2004, e desde então fiquei fascinado pela história. Principalmente porque sou ucraniano e senti os efeitos de Chornobyl na pele. Pessoalmente tenho a teoria seguinte: imagino o Homem – Traça (Mariposa) como um ser do outro mundo, nem que seja um mundo paralelo ao nosso. Por alguma razão (no filme, Alexander Leek diz: as suas razoes não são humanas), ele decide avisar os humanos sobre uma determinada tragédia. Então, emite um sinal (como se fosse um onda de rádio). Geralmente, 99,9% da humanidade, não consegue captar o tal sinal, ou o capta nas condições medíocres, por exemplo nos sonhos (imagina que você assiste a televisão sem antena).
Mas há pessoas que captam o sinal bem, ou então, podem existir as tragédias que interessam particularmente o Homem – Traça, e ele intervenha maciçamente. Então, muita gente consegue captar algo. Mas mesmo, se eles se arriscariam de se expor perante autoridades (podem ser tratados como esquizofrénicos, pois oiçam as vozes), ninguém acreditaria neles. E as tragédias acontecem.
Também tenho uma amiga na Ucrânia, que me contou recentemente, de estar sonhar com as grandes inundações. Depois do maremoto na Ásia, estes sonhos desapareceram. Será que Homem – Traça tentava nos avisar outra vez e nos outra vez não entendemos a sua mensagem? O que vocês acham?

P.S. Escrevo este artigo e fico todo arrepiado!

Os livros originais:

John A. Keel: "The Mothman Prophecies"; New English Library; 2002 (orig. pub 1975); ISBN 0340824468
Donnie Sergent JR: "Mothman: The facts behind the legend"; Jeff Wamsley: "Mothman Lives", Publishing; 2001; ISBN 0966724674

Quem é o Bohdan Hmelnyckiy?

O homem que juntou Ucrânia à Rússia em 1654 / História

Bohdan (Zinoviy) Hmelnyckiy, que nasceu em 27 de Dezembro de 1595 e faleceu em 6 Agosto de 1657, era o estadista político – militar da Ucrânia, posteriormente Hetman (Presidente militar). Nasceu na família de centurião da cidade ucraniana de Chyhyryn, quando a maior parte da Ucrânia actual, estava sob domínio colonial do Estado federado do Reino da Polónia e do Condado da Lituânia.

Hmelnyckiy foi educado na escola de Irmandade de Kyiv (Kiev) e depois no Colégio de Jesuítas em Lviv (Lvov), sempre preservando a religião ortodoxa. Alem do ucraniano, falava polaco, latim, turco e francês.
Na guerra entre a Polónia e o reino Moscovita em 1618, Hmelnyckiy luta ao lado dos polacos contra os russos. O Rei da Polónia, Vladislaw IV, condecora a bravura de Hmelnyckiy, oferecendo lhe uma espada de ouro.
Em consequência da guerra polaco – turca em 1620 – 1621, Hmelnyckiy perde o seu pai, Myhaylo, é aprisionado pelos turcos e passa dois anos em Constantinopla.
Depois da sua libertação em 1622, Hmelnyckiy casa com Ana Somko, e passa a organizar varias expedições dos cossacos ucranianos contra as cidades turcas.
[Os cossacos ucranianos eram os pequenos senhores feudais, constituíam a elite militar do país. Cossacos eram homens e mulheres livres, que uma parte do seu tempo dedicavam à lavoura e aos ofícios, e outra à arte da guerra. Tinham o seu Quartel General (mais conhecido como “Zaporizska Sich”) na ilha de Horticia, junto à actual cidade ucraniana de Zaporijjia].
A expedição marítima mais famosa dos cossacos deu-se em 1629, quando, liderados pelo próprio Hmelnyckiy, eles atacaram o capital turca – Constantinopla. Hmelnyckiy ganha o reconhecimento ente os ucranianos, por defender os interesses nacionais perante os soberanos polacos.
Em 1645, ele é o enviado especial do Rei Vladislaw IV à França, onde tive encontros com conde Breguit (embaixador francês na Polónia). Em resultado, 2400 cossacos ucranianos foram enviados à França, onde participaram no cerco da cidade de Dunquerque pelo príncipe Conde. Em 1645 – 1646, Hmelnyckiy participa activamente na guerra Franco – Espanhola.
[Na altura, Zinoviy (Bohdan em ucraniano quer dizer “Dado pelo Deus”, este nome Hmelnyckiy adoptará mais tarde), era um típico representante da elite colonial, que continha-se com privilégios oferecidos pela Metrópole (Varsóvia)].
O ponto de ruptura, entre Hmelnyckiy e as autoridades coloniais deu-se, quando a sua propriedade Subotovo (nas arredores da cidade de Chyhyryn) foi atacado pelo fidalgote polaco Czaplickiy. Este, saqueou a propriedade, raptou a companheira de Hmelnyckiy e matou um dos seus filhos.
Como cidadão cumpridor da Lei, Hmelnyckiy recorreu ao tribunal, onde foi mal recebido e humilhado. Em Varsóvia, ele recorreu ao Rei Vladislaw IV, mas este, sentindo-se impotente perante a nobreza, alegou estranhar, que os ucranianos, “tendo as armas nas mãos, permitem serem maltratados”.
Cerca de 1645, Hmelnyckiy começa preparar um levantamento popular contra a dominação colonial polaca na Ucrânia. É preso pelos autoridades coloniais, consegue escapar e no dia 11 de Dezembro de 1647 chega, com seu filho Tymofiy, à Zaporizska Sich no Quartel Geral dos cossacos. De lá, Hmelnyckiy é enviado pelos cossacos à Crimeia para convencer o estadista tártaro, Islam – Girey, juntar-se aos ucranianos na guerra contra os polacos. Islam – Girey não dá uma resposta definitiva, mas envia um dos seus lugar – tenentes, Tugan – baio para acompanhar os ucranianos.
Em Janeiro de 1648, inicia-se na Ucrânia, em todo o território nacional, a luta armada de libertação nacional, contra o colonialismo polaco.
Na batalha de Jovti Vody (6 de Maio de 1648), de Piliavci (1648) e na batalha nos arredores da cidade de Korsun (15 de Maio de 1648), os ucranianos, em conjunto com os tártaros, derrotaram o exército polaco.
Zinoviy Hmelnyckiy foi proclamado como Hetman (presidente militar eleito pelo sufrágio directo, com o direito do voto pertencer apenas à classe dos cossacos), com pompa e circunstância ele entrou em Kyiv, onde recebeu o reconhecimento internacional como Chefe do Estado da Ucrânia. O sultão da Turquia, os chefes do Estado da Crimeia, da Moldova e o rei russo Aleksey Mihaylovich, estavam propor lhe a sua amizade. Até o Rei polaco, reconhece o Hmelnyckiy, como Hetman da Ucrânia.
[A dependência de Hmelnyckiy em relação à Polónia, é largamente usada para argumentar que, a Ucrânia não era um país soberano, nem tive um chefe do Estado no sentido lato. No entanto, temos aqui um caso típico de relações coloniais entre a Metrópole e o “ultramar”. Assim, como em África lusófona, os soberanos locais reconheciam a primazia do Rei do Portugal, ou em Ásia, era reconhecida a primazia dos Reis do Reino Unido, assim o facto de Hmelnyckiy reconhecer formalmente o Rei polaco, não diminui em nada a sua soberania sobre a Ucrânia.]
Em Janeiro de 1649, a assembleia legislativa polaca decidiu formar o corpo de voluntários e invadir a Ucrânia para acabar com a resistência anti – colonial. Hetman Hmelnyckiy lançou um apelo ao povo para defender a Pátria. Num curto período de tempo, foram formados 24 regimentos que representavam as terras históricas do país e na sua criação, seguiam o sistema militar dos cossacos ucranianos.
Depois de alguns vitorias importantes sobre o exército polaco, ucranianos foram traídos pelos tártaros e tiveram que assinar o tratado da paz de Zborovsk, prejudicial para os direitos e liberdades dos ucranianos.
O tratado previa que os ucranianos pudessem ter um Exército de apenas 40.000 homens, os restantes, deveriam depor as armas e retornar às propriedades dos seus senhores feudais polacos, para o trabalho semi – escravo. Os fidalgos polacos armavam bandos dos pistoleiros e andavam a caça dos lideres da resistência ucraniana. Hmelnyckiy tentava respeitar o acordo de Zborovsk, exigindo o mesmo do povo. Mas os polacos não respeitavam os acordos, assim o clero católico impediu a presença do Metropolitano de Kyiv – Silvestre Kossov, nos trabalhos da assembleia legislativa polaca em Varsóvia.
A violência polaca provocava a resposta ucraniana, os populares reuniam-se em grupos armados conhecidos como “levency” e atacavam as propriedades coloniais. Em Novembro de 1650, uma embaixada ucraniana chegou à Varsóvia com exigências de parar com a violência política e religiosa da nobreza polaca, exigência que provocou uma indignação bastante grande na assembleia legislativa. Assembleia, não rectificou o tratado da paz de Zborovsk e decidiu declarar a guerra à Ucrânia.
Confrontos começaram em Fevereiro de 1651. O Patriarca de Constantinopla enviou à Hmelnyckiy a carta, onde abençoava a guerra contra os católicos, Metropolitano ortodoxo Iosaf, entregou ao Hetman uma espada santificada em Jerusalém.
Papa mandou aos católicos uma bandeira santificada em Roma e uma espada para extermínio dos “apoiantes da cisma”, cossacos ucranianos.
No dia 19 (20) de Junho de 1651, o exército conjunto, ucraniano – tártaro atacou as fileiras polacas na batalha de Berestechko. Mas os tártaros traíram os ucranianos, retirando-se no meio da batalha, e até prenderam o Hmelnyckiy, levando este à Crimeia.
No fim de Julho de 1651, Hetman Hmelnyckiy consegue voltar à Ucrânia, onde começa formar o novo exército anti – colonial. Casa com a Ana, irmã do nobre ucraniano Zolotojenko, o futuro coronel da cidade de Korsun.
Ano 1651. A Ucrânia é invadida por exército polaco e pelo soberano lituano Radzivil, que no dia 6 de Agosto de 1651 capturou a cidade de Kyiv. Mais tarde, o exército conjunto polaco – lituano juntou-se na cidade ucraniana de Bila Cerkva. Onde no dia 17 de Setembro de 1651, Hetman Hmelnyckiy foi obrigado a assinar o tratado da paz de Bila Cerkva, que liquidava quase todos os direitos e liberdades dos ucranianos.
Mais tarde, em Maio de 1652, os polacos romperam o tratado, quando o filho de Hmelnyckiy, acompanhado por uma parte do exército, dirigia-se à Moldova, onde pretendia casar com a filha do Rei dos moldávios. Um importante feudal polaco, Kalinowskiy, apoiado por seu exército, barrou o caminho dos ucranianos, junto à floresta de Batih. Na batalha de Batih, os polacos perderam 20.000 homens e o próprio Kalinowskiy foi morto. Essa vitoria, desencadeou de novo, um levantamento popular em toda a Ucrânia, contra a dominação colonial estrangeira.
Apesar disso, Hetman Hmelnyckiy considerou, que não iria conseguir, assegurar a independência da Ucrânia, contando só com o esforço nacional. O país necessitava criar as alianças estratégicas. Hmelnyckiy entrou em negociações com a Suécia, Turquia e a Rússia.
Na Primavera de 1653, comandante polaco Stefan Czarneckiy, assinou um tratado separado da paz, com os tártaros, que tornaram-se, assim, os aliados dos polacos. A Ucrânia começou a ser saqueada por polacos e tártaros.
Hmelnyckiy pretendia assinar o tratado da amizade e cooperação com a Moscóvia.
No dia 1 de Outubro de 1653, em Moscovo, a assembleia dos nobres (Zemskiy Sobor) decide que Bohdan Hmelnyckiy e os cossacos ucranianos poderão ser súbditos do Rei moscovita.
No dia 8 de Janeiro de 1654, na cidade de Pereyaslavl (hoje Pereyaslavl – Hmelnyckiy), foi convocado o Conselho Magno (Rada) dos cossacos ucranianos, que entre quatro soberanos, propostos: sultão turco, cão da Crimeia, rei polaco ou czar moscovita, escolheu o último, jurando fidelidade à Moscóvia. O clero e a nobreza militar ucraniana, juravam muito contrariadas, eles pretendiam a independência total da Ucrânia.
O tratado de amizade entre a Ucrânia e o Reino Moscovita, conhecido como “Artigos de Março” previam uma autonomia político - administrativa da Ucrânia. O tratado, também, salvaguardava os direitos e liberdades dos cossacos ucranianos em continuar como homens e mulheres livres, apesar do que na Moscóvia, os camponeses viviam no regime de semi – escravidão. O original dos “Artigos de Março”, hoje se encontra perdido.
Existe mais um documento que definia o estatuto da Ucrânia na Moscóvia, conhecido como “14 artigos” ou “Artigos de Pereyaslavl”. Este documento foi o produto das negociações entre o jovem Hetman Yurko Hmelnyckiy e conde moscovita Trubeckoy, em Outubro de 1659 em Pereyaslavl.
Hmelnyckiy não abandonava os planos de tornar a Ucrânia independente, para tal, em 1657, ele assinou um tratado de amizade com Rei sueco Karl X e com conde húngaro Yuri Rakocci.
Bohdan Hmelnyckiy desempenhou as funções de Hetman até a sua morte. Na primavera de 1656, Hetman Hmelnyckiy adoece gravemente. No dia 27 de Julho (6 de Agosto, pelo estilo ocidental) de 1657 o velho Hetman morre na cidade de Chyhyryn. A missa do corpo presente, foi feita na igreja de Sto. Ilías, na sua propriedade em Subotovo. A igreja também acolheu o corpo de Hmelnyckiy. Mas os polacos não queriam deixa-lo em paz, mesmo depois da morte. Alguns anos mais tarde, o feudal Stefan Czarneckiy, profanou os restos mortais de Hetman.
Depois da sua morte, a Rada dos cossacos, escolheu como sucessor de Hmelnyckiy o seu filho menor Yurko Hmelnyckiy (Hetman tive três filhos e duas filhas: Kateryna e Stefanida).

Fontes:

1. Grushevskiy Myhaylo, “Про батька козацького Богдана Хмельницького”, Dnipropetrovsk, Sich, 1993, página 55;
2. Kostomarov Myhaylo, “Bohdan Hmelnyckiy: esboço histórico”, Kyiv, Veselka, 1992, página 93;
3. Hotkevich Gnat, “Bohdan Hmelnyckiy, Hetman da Ucrânia”, Lviv, 1909 – 1910.

Nota de tradutor:

348(!) anos depois da sua morte, o papel de Bohdan Hmelnyckiy na história da Ucrânia, suscita várias leituras e provoca discussões académicas e jornalísticas.
Os historiadores tradicionalistas russos, ou aqueles que se identificam com os interesses do vizinho do Leste, defendem que Bohdan Hmelnyckiy é um estadista sábio, que felizmente para a Ucrânia, encontrou um parceiro certo, para ajudar o país.
Os historiadores tradicionalistas polacos, defendem que Hmelnyckiy não passa de um “amotinado”, que atraiçoou o seu soberano, o rei da Polónia.
As opiniões dos historiadores ucranianos, dividem-se entre várias escolas de pensamento, permitindo apelidar Hmelnyckiy desde “traidor”, até o “estadista sábio, que infelizmente para a Ucrânia, encontrou um parceiro errado, para ajudar o país”.

Bandeira de Bohdan Hmelnyckiy chegou à Kyiv

Uma das mais importantes distinções do Poder dos Hetmanes da Ucrânia – a bandeira pessoal de Bohdan Hmelnyckiy, chegou à Kiev, vinda de Estocolmo (Suécia).
Em 1995, o historiador ucraniano, Yuriy Savchuk, descobriu a bandeira no Museu Militar de Estocolmo, para onde esta foi levada pelo exército sueco durante a guerra de 1655 – 1660.
A bandeira,(feita, provavelmente em 1649) tem no seu pano de linho as letras “Б. Х. Г. Е. К. М. Л. О. В. З.” que significam o nome e o titulo do chefe militar ucraniano: Bohdan Hmelnyckiy Hetman da Sua Graça Real Exército de Zaporijjia. Bandeira, também, tem uma cruz e alguns estrelas: de cinco e seis pontas. O seu significado, não está claro.
A bandeira de Hetman Hmelnyckiy, é a primeira bandeira ucraniana conhecida, que não contem os símbolos dos outros países. O “coração” da bandeira é branco, os cantos de carmesim (a cor preferida pelos cossacos ucranianos).

Infelizmente, a historia conturbada da Ucrânia, fiz com que as relíquias nacionais importantes, ligados a figura de Hetman Hmelnyckiy, estão espalhados por vários países da Europa. Assim, o bastão de Hmelnyckiy, (um dos símbolos mais importantes do titulo de Hetman), feito no século XVII do corno de rinoceronte e incrustado com prata e marfim, está em Varsóvia, no Museu do Exército polaco. A taça de Agua Benta, feita de prata, com incrustação de ouro está no Museu Estatal Histórico de Moscovo. A Fundação dos Condes Czartoriysky, no Museu Nacional de Cracóvia, possui a espada, açoite e uma taça de prata. O Museu Nacional da Historia da Ucrânia em Kyiv, tem apenas o chapéu do Bohdan Hmelnyckiy.

Fonte: www.kreschatic.kiev.ua

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Da Ucrânia à Moçambique, fugindo do Comunismo

Morreu o caçador e escritor Leo Kroger (1912 - 2004) / Cultura

Leo Kroger, escritor, caçador e viajante, radicado há mais de meio século em Moçambique, morreu à 16 de Junho de 2004 na África do Sul, para onde foi transportado de emergência. O seu corpo foi cremado no país vizinho, mas a missa de corpo presente foi realizada na Igreja Ortodoxa Grega em Maputo pelo sacerdote ucraniano Padre Georgiy, no dia 10 de Julho corrente.Leo Kroger, nasceu à 16 de Agosto de 1912, em Khabarovsk, no Extremo Oriente russo. O seu avo materno, Lavrentiy Shvorin, professor em Kyiv (Ucrânia) foi preso pela a policia czarista e deportado para o Sakhalin em 1890, por seu envolvimento no movimento populista “Narodnik”.A mais velha dos seus onze filhos, Ksenia Shvorina casou em 1906 com o alemão Arthur Kroger, gerente da companhia comercial “Tchurin&Co”. Desta união nasceu a filha Ekaterina em 1907 e o filho Leo em 1912. No ano seguinte, Arthur Kroger morre de complicação renal e a família passa os momentos difíceis. Mas a Ksenia Shvorina abre em Khabarovsk o salão de costura, que junto com o auxilio financeiro do sogro, permite que os seus filhos não passam as necessidades maiores.Embora a revolução bolchevique aconteceu em 1917, o poder comunista emplanta-se no Extremo Oriente apenas em 1924, obrigando a família Kroger mudar-se para a China.A sua mãe e a ima trabalham no sucursal da empresa “Tchurin” em Harbina, não esquecendo dos mais necessitados. Naquele tempo em Harbina viviam cerca de 30 mil refugiados que escaparam do “terror vermelho”. A Ksenia Shvorina divide o seu tempo entre a família, o emprego e o voluntariado na organização missionaria americana “Cup of tea” que distribuía os alimentos e todo o tipo de assistência aos refugiados.Leo Kroger passa a sua infância e adolescência na China, onde primeiro frequenta o liceu Dostoyevskiy em Harbina (Manchúria), depois a Missão adventista americana em Chefoo no Norte de China.Desde muito novo, Leo Kroger entrou no oficio de caça na China, Tibete e Mongólia, a sua juventude e amadurecimento foram marcadas pelas duas guerras mundiais, caçar ou não caçar muitas vezes era uma questão de sobrevivência.Em 1933 jovem Kroger viaja para o Hamburgo à fim de conhecer os seus familiares do lado paterno. Na Alemanha, Kroger começa aprender o alemão (Leo falava o russo, o chinês e o francês) e escreve-se na “Associação Alemã dos Desportos Aéreos”, futura força aérea - “Luftwaffe”. A Associação consome todo o dinheiro do Kroger, mas o baile de graduação brinda o Leo com o encontro com a jovem Hannah Landahl, encantadora filha de um guarda-florestal. Findo um noivado muito curto, sem o dinheiro e com o pressentimento de uma grande guerra a aproximar-se à Europa, Kroger resolve regressar à China. A sua bagagem consiste em uma cana de pesca, uma canoa furada e a caçadeira checa de três canos “Novotny”.De regresso, Leo encontra a sua mãe como a proprietária de uma pequena escola de costura e bordagem na cidade de Tientsin. A vida de Kroger ocorre entre a China Ocidental, Tibete e Mongólia, onde representa a empresa exportadora alemã “Melchers&Co” e também caça. Naquela época a região de Manchúria era o verdadeiro paraíso para os caçadores, a taiga era abundante em cabras selvagens, gansos, patos, ursos e até tigres. Ao contrario, a situação geo - política na região e no Mundo piorava todos os dias.Uma curta trégua, em resultado do Pacto da Amizade entre a Alemanha nazi e a URSS, possibilitou a Hannah Landahl usar a ferrovia Trans – Siberiana para chegar de Hamburgo à Harbina em 1939. Leo e Hannah casaram a 8 de Junho de 1940, um ano mais tarde tiveram a filha Jutta, seguido em 1943 pelo filho Peter.A ocupação japonesa não mudou a vida das pessoas no seu essencial, o seu mundo abalou, quando em 1945 a Harbina foi ocupada pelo Exército soviético. A maior parte da comunidade alemã, incluindo os diplomatas e quase a totalidade daqueles que fugiram dos bolcheviques nos anos vinte, foram presos e enviados para os campos de concentração na Sibéria, o Gulag soviético.Um dia chegou a vez de Kroger. Chegando à casa depois de uma jornada de caça, ele recebeu uma ordem de apresentar-se no quartel-general do NKVD (o serviço de segurança do Estado na URSS), assinada pelo tenente Orlov. A sua chegada, Kroger foi avisado, que Orlov acabou de sair do edifício. Na conversa com os guardas, Leo fingiu que a sua visita era meramente social, prometendo voltar amanha. Kroger acreditou que só a pronúncia perfeita da língua russa o salvou, pois, se o NKVD desconfiasse que ele é estrangeiro, nunca o deixariam de sair.Na manha seguinte, Kroger voltou à quartel do NKVD, apresentou-se e de imediato foi trancado numa cela na cave do edifício. Horas depois, Leo, baptizado pelos guardas armados de “porco nazi” foi mandado limpar as casas de banho do edifício. Depois Kroger passou por vários interrogatórios, onde o “bom” oficial era rendido constantemente por um oficial “mau” e ao contrário. Findo o período relativamente curto, Kroger foi libertado e podia voltar à sua casa, onde a mulher já não tinha nenhuma esperança de o encontrar com a vida. Mais tarde, Leo soube, que na noite da sua chegada, cerca de 3 mil prisioneiros foram conduzidos a estação de caminhos de ferro da cidade, e enviados para a Sibéria. Maioria deles não sobreviveu o Gulag.Mesmo assim, Leo “nasceu num fole”, algo que não aconteceu com a sua irmã mais velha. Ecaterina Kroger casou em 1933 com o Henry Magon, o porta-voz dos Caminhos de Ferro da China Oriental. Em 1934, quando este caminho de ferro foi vendido ao Japão, a família Magon regressou à Ucrânia Soviética. Henry Magon, foi destacado para trabalhar na administração ferro – portuária na cidade ucraniana de Odessa. Em 1935 casal teve uma filha, a sobrinha de Leo – Violeta.O ano de 1937 é o ano de Grande Terror na URSS e particularmente na Ucrânia. Milhões de camponeses, professores, médicos, simples trabalhadores são presos, torturados, deportados para os campos de concentração ou simplesmente fuzilados sob acusações falsas.Apenas em 1991, Leo Kroger foi informado pela Cruz Vermelha que a sua irmã foi presa no dia 1 de Agosto de 1937, acusada de espionagem e traição e fuzilada já no dia 12(!) do mesmo mês. O seu marido, Henry Magon, preso junto com a Ekaterina, foi fuzilado no dia 12 de Outubro de 1937. Em 1959 ambos foram reabilitados a titulo póstumo pelo Tribunal militar de Odessa por a ausência de indícios de qualquer crime. A sorte da sua filha Violeta, que tinha, na altura, apenas dois anos de idade é desconhecida. Normalmente, o Estado “mais humano do mundo” enviava os filhos de “inimigos do povo” para os orfanatos, onde lhes mudavam de nomes e apelidos e educavam como servidores fiéis do regime.Em 1949, o Oitavo Exercito de Mão Tse Dung ocupou o Norte da China. A família Kroger e a sua mãe, Ksenia reuniram-se na cidade de Tientsin. Leo começou trabalhar numa empresa de exportação chinesa, mas pouco tempo depois esta foi nacionalizada pelo Estado. As relações entre a China e os Estados Unidos deterioraram-se, grande parte do negocio estagnou-se e a família recorreu a Igreja Luterana para o seu repatriamento à Alemanha, concretizado em 1952.Alemanha pos - guerra não tinha muitos oportunidades de emprego, por isso Leo Kroger aceitou o lugar na empresa “Messers, Faure&Co” baseada em Londres. Mas as grandes cidades da Europa deprimiam o Kroger, habituado aos espaços livres e a natureza selvagem. Por isso, recebendo o convite de Francis Spencer, um empresário britânico radicado em Lourenço Marques, Moçambique, Kroger não hesitou em mudar-se para a África. O maior agrado do Leo Kroger residia no facto, que o Moçambique está muito longe quer do Moscovo, quer do Beijing! A família Kroger desembarcou no porto de Lourenço Marques em 13 de Novembro de 1953, para nunca mais deixar o Moçambique.O seu primeiro ano em Moçambique foi o mais difícil, quer do ponto de visto financeiro, quer pelas barreiras linguísticos. Leo Kroger trabalhava na empresa comercial “Spence&Faure, Lda”, ajudava na organização dos safáris da empresa “Safarilândia”, pertencente ao Werner Von Alvensleben em Sofala (Norte de Moçambique), caçava para poder pagar os estudos dos seus filhos na África do Sul.Leo Kroger tem dois netos – Robert de 25 anos e Michael de 23. Pelo menos uma vez por ano, até a idade de 90 anos, Leo Kroger, sua esposa Hannah, seus filhos, netos e vários amigos, costumavam realizar as viagens de aventura pelas diversas províncias moçambicanas. Kroger apaixonou-se pelo Moçambique à primeira vista. Ele não resistiu, nem podia resistir a sua beleza intacta, a sua magia natural, o seu encanto poderoso e poético que este país exerce sobre qualquer forasteiro.Kroger começou escrever já na reforma. Seu primeiro livro “My last kumbaku”, uma colectânea de contos de caça, foi publicada em 1996 pela editora norte-americana Safari - PRESS, conhecida pelo grande rigor de critérios, procurando cativar o leitor não pelo “exotismo”, mas pelo valor literário das obras.O seu segundo livro, “Long life in short stories”, foi publicado em 2000 pela Universidade sul - africana de Witwatersrand. Nele, Kroger tenta redescobrir os seus raízes quer na Ucrânia, quer na Alemanha, contar as suas experiências da vida, enfim, realizar o sonho de qualquer ser humano – deixar o seu marco para as gerações vindouras.O seu público tem a oportunidade de viajar através do livro às sítios mais cativantes e mais distantes geograficamente um do outro, como: Tibete e Chimanimani (Moçambique), Rio de Janeiro e Harbina, Mar Morto e Círculo Polar… Tudo isso temperado com o humor calmo, olhar humanista e amante da natureza e da paz. O leitor não fica surpreendido, quando Leo Kroger conta como foi incapaz de matar um leão, lembrando que ele é o xará deste “guardião de savana”. Numa outra situação, Kroger apressa-se a socorrer uma aldeia moçambicana, de um elefante que destruía as hortas da população. No seu terceiro livro, “Leão que nasceu num fole”, publicado em 2001 pela editora moscovita “Rodnie prostori”, Leo Kroger revela-se um bom contador de estórias, cujos principais personagens são: os animais, a natureza, os sentimentos humanos ou até as caçadeiras. O livro é dedicado ao mundo camponês e africano, descrito com enorme talento e admiração. O título incomum do livro provém de inúmeras situações perigosas vividas pelo autor ao longo da sua vida: afogamento em criança, acidentes na caça ou encontros com a famigerada NKVD.África moldou Leo Kroger, o caçador europeu transformou-se no escritor africano. Talvez o próprio Kroger não se tenha apercebido logo, dessa mudança, até o dia, quando escreveu a novela “Amizade” (1984), sobre os laços criados entre si e o seu guia, António “Faz Tudo”.O olhar do Leo Kroger sobre o Moçambique revelou-se apaixonado e sábio, de uma pessoa que encontrou no país a sua segunda pátria. Toda a sua vida o escritor valorizava a imagem de Moçambique no exterior, que é sobremaneira importante no tempo em que este país é conhecido , sobretudo por causa de guerras, pandemías e desastres.

Bem vindos ao nosso blog!

Zapping UA é um blog dedicado à Ucrânia em todas as áreas da sua vida cultural, social e politica. Aqui você poderá encontrar as fotografias giras, histórias engraçadas, humor PG 18, música mp3 e muitas outras coisas, que não se pode publicar num blog sério.
Portanto prometo, este blog não será totalmente sério e junto aos artigos que contam aos leigos a hisória do meu país, pode aparecer um conto de fadas bojarderrimo ou bojardissímo, como quiserem.
Blog não tem que provar nada à ninguém, no entanto, poderá ser útil para desmistificar os mistérios sobre a Ucrânia: que país é este, que só apareceu na boca da comunicação social no início dos anos noventa. Onde a Ucrânia estive antes?
Bom, a Ucrânia sempre estive no seu lugar, esquecida no Centro da Europa entre a Polónia e a Rússia. Nem toda a gente sabe, mas o centro geográfico do continente europeu, fica exatamente na Ucrânia, nos montes Cárpatos (Transcarpátia, entre as cidades de Tiachiw i Rahiw. Nunca ouviu falar? Acontece. Eu tambem nunca ouvi falar de um montão de coisas, que não deixam de existir por causa disso.
O que mais? Blog quer mostrar que os ucranianos, não são apenas os trabalhadores da construção civil em Portugal e não apenas professores em Moçambique. Há muito mais.
Mas chega de palavras, vamos blogar!